Desafios da Pandemia

Em dezembro de 2019 começamos a ouvir sobre um tal de Coronavirus. Muitos boatos, muitas incertezas, mas sem receio, afinal, algo que está a aproximadamente 18.000 quilômetros de distância, não afetaria nossas vidas.

Mal podíamos imaginar como nossa vida seria afetada por esse vírus, como o cotidiano mudaria de uma forma tão radical. A disseminação do vírus foi voraz, imbatível, como se fosse uma nova tecnologia.

Quem arriscaria dizer que a o gatilho da transformação digital de muitas empresas seria causada por um vírus biológico. Tudo mudou. A forma de viver, trabalhar, comprar e vender.

Foi no meio de toda essa mudança que surgiu uma oportunidade, algo desafiador. Alçar voos em novos céus, e quem sabe, mais altos.

Eu estava na mesma empresa há quase 8 anos. Uma empresa que crescia tão rápido que eu já não conhecia mais 100% dos colaboradores. Eu sentia necessidade de mudança, de novos desafios.

Para essa mudança, eu precisava contar com o apoio e suporte da família, principalmente de quem estava comigo todos os dias, minha esposa, que mergulhou de cabeça nesse desafio. Uma grande mudança na nossa vida – com a responsabilidade de criar uma criança de então 2 anos, estava só começando.

Sempre com muita gratidão, principalmente pelas pessoas que passaram no meu caminho nesses anos, tive a conversa mais difícil com minha então gestora, o pedido de desligamento. Cumprir meu aviso prévio em home-office foi inesperado.

Acreditávamos estar mudando no auge da pandemia. As notícias – em abril de 2020, diziam que em 3 semanas as coisas deveriam voltar ao normal, mas na viagem de 1200 quilômetros de carro, com tudo fechado, aprenderíamos na prática o que era o lockdown.

Os desafios estavam só começando. Cidade nova, emprego novo, pandemia, home-office. Acordar, tomar café, almoçar, jantar, e dormir, sem “sair” de casa (exceto para o essencial), por meses. Conviver 24 horas por dia não é tarefa fácil, principalmente quando existem muitos itens para adaptação. A disciplina jamais havia sido colocado à prova com tanta intensidade.

Como se explica para uma criança de 2 anos que o pai está em casa, no cômodo ao lado, e não pode brincar, que ela não pode ver os amigos, que ela não pode ir ao parquinho, que tem um “bixinho lá fora” que é perigoso?

Perdi a conta de quantas vezes ouvi frases como:

“Eu não tenho amigos, não tem ninguém pra brincar comigo”;

“Papai, Mamãe, aquela menininha pode ser minha amiga?”

E a escola, como explicar que não tinha mais aula, que não iria usar o uniforme esse ano?

O quarto era escritório de 08:00 às 18:00 (as vezes em horários alternativos também). Por sorte, eu já dispunha de uma mesa e cadeira adequadas para trabalhar em casa, o que não é a realidade de muitos, até hoje!

Acordar, tomar banho, vestir roupa de trabalhar, tomar café, hora de almoço, hora de lanche e hora de encerrar o dia de trabalho. A disciplina é fundamental pois é muito fácil misturar os ambientes e perder o foco.

As vezes nem dava vontade de assistir TV, principalmente os canais de notícias que só traziam “verdades” cada vez mais assustadoras.

A rotina era trabalhar dia de segunda a sexta, e fim de semana, passear de carro, sem poder ir a lugares que tanto queríamos. As vezes a distração era ir ao drive-through para comprar sanduiche e “batatinhas”.

Em casa, o canal mais assistido foi o Discovery Home & Health. O apartamento que morávamos não nos agradava, nem um pouco. A ideia de pintar, mudar, incorporar coisas num apartamento que era alugado, não nos agradava nem um pouco.

Conhecem a “metáfora da lagosta” ? Podem conhecer por outros nomes. Eu não sabia da origem. Fui buscar enquanto escrevia esse post. Sugiro uma busca no Google, pois existem centenas de réplicas do mesmo texto. a lagosta rabino abraham twerski – Pesquisa Google
Ou um vídeo (em inglês): Rabbi Dr. Abraham Twerski On Responding To Stress – YouTube
Vou citar um trecho que acho importante:

Todos nós tendemos a querer permanecer dentro da “casca da zona de conforto”, sem perceber que ficar nela muitas vezes impede nosso crescimento. Precisamos de uma dose de desconforto para mudar padrões e atitudes e se libertar de carapaças que nos aprisionam.

O acúmulo de situações de desconforto e a vontade de mudança, proporcionou uma oportunidade única de comprar nosso apartamento, no meio da pandemia.

Muitos empregos se perderam. Muitos trabalhadores estão desesperados pois o lockdown tira dos provedores de família o seu sustento. Eu, só tenho gratidão.

Os desafios continuaram. Um ano se passou. A pandemia continua e nosso país tem sido exemplo negativo para o mundo. Até quando? Ficar em casa por mais alguns meses, quem sabe, mais um ano? O que nos cabe é compreender o quanto devemos respeitar o próximo, ter compaixão, entender que estamos no mesmo barco chamado Terra, e que nossas atitudes contam.

Cuidar da saúde física, mental e espiritual é fundamental. Aplicativos de treino em casa estão em alta. Consultas médicas online, e muito mais foi criado ou teve o voto de minerva para que fosse priorizado durante a pandemia, canais no YouTube estão com conteúdos dos mais diversos, bastar ter critério.

Nunca a área de tecnologia contratou tanto. As barreiras de distância, se não superadas, foram muito bem contornadas para que as vagas fossem preenchidas por candidatos morando a dezenas, centenas, as vezes milhares de quilômetros de distância do escritório.

A qualificação das pessoas fica dependendo da situação financeira, e disciplina para administrar o tempo pois o deslocamento não é mais necessário. Cursos online EAD, dos mais variados ramos, estão surgindo rapidamente.

O novo normal está transformando para sempre nossa vida. A pandemia está ensinando a todos, de alguma forma. Aproveitar as oportunidades é fundamental. Saibamos ter disciplina e força de vontade e gratidão pelo aprendizado, pois esses são os pilares para seguir em frente.

Até quando estaremos nesse novo normal eu não sei, mas seguimos nos adaptando, sendo flexíveis, tendo resiliência, paciência, tolerância, altruísmo.